Diferença CRAC e CRAH: descubra qual sistema de resfriamento é ideal para seu data center. Guia técnico completo com comparações práticas.
A diferença CRAC e CRAH é uma das dúvidas mais frequentes que recebo de técnicos iniciantes e gestores de TI. Depois de 15 anos trabalhando com climatização de data centers, posso afirmar que escolher incorretamente entre essas tecnologias pode resultar em gastos desnecessários de até 40% no consumo energético. Neste artigo, vou explicar detalhadamente as características de cada sistema, suas aplicações ideais e como fazer a escolha certa para seu projeto. Se você trabalha com HVAC ou gerencia infraestrutura crítica, este conteúdo será essencial para suas decisões técnicas.
O Que São Esses Sistemas e Qual Diferença CRAC e CRAH?
Definindo CRAC (Computer Room Air Conditioner)
CRAC significa Computer Room Air Conditioner, ou Condicionador de Ar para Sala de Computadores. Trata-se de uma unidade CRAC projetada especificamente para ambientes de TI que operam 24/7/365.
As principais características que observo em campo incluem:
- Controle preciso de temperatura e umidade (±1°C e ±3% UR)
- Filtragem avançada com eficiência mínima de 85% (MERV 8)
- Refrigerante direto para resfriamento do ar
- Sistemas de alarme integrados para monitoramento remoto
- Construção robusta para operação contínua
Entendendo CRAH (Computer Room Air Handler)
CRAH representa Computer Room Air Handler, ou Manipulador de Ar para Sala de Computadores. A diferença fundamental que sempre explico aos meus clientes é que a unidade CRAH não possui compressor próprio.
Características técnicas essenciais:
- Serpentina de água gelada como meio de resfriamento
- Controle de temperatura através do fluxo de água
- Sistema de umidificação independente
- Ventiladores de alta eficiência (EC ou IE4)
- Integração com chiller centralizado
Diferença CRAC e CRAH: Análise Técnica Detalhada
Tabela Comparativa: CRAC x CRAH
Característica | CRAC | CRAH |
---|---|---|
Fonte de Resfriamento | Refrigerante direto (DX) | Água gelada (chiller) |
Eficiência Energética | COP 2,5 a 3,5 | COP 4,0 a 6,0+ |
Investimento Inicial | Menor (R$ 50-80k) | Maior (R$ 80-150k) |
Controle de Precisão | ±1°C / ±3% UR | ±0,5°C / ±2% UR |
Manutenção | Complexa (refrigerante) | Simples (água/filtros) |
Redundância | Limitada | Excelente |
Capacidade Máxima | 50-100 TR | 50-500 TR+ |
Tabela 1: Comparação técnica entre sistemas CRAC e CRAH baseada em dados de campo e especificações dos fabricantes.
Diferenças Operacionais Críticas
Sistema de Resfriamento
A principal diferença CRAC e CRAH está no método de resfriamento:
CRAC utiliza expansão direta:
- Compressor integrado na unidade
- Refrigerante R-410A ou R-134a
- Controle por válvula de expansão termostática
- Resposta rápida a variações de carga
CRAH opera com água gelada:
- Chiller centralizado fornece água a 7-12°C
- Serpentina de água para troca térmica
- Controle por válvula de 3 vias modulante
- Maior inércia térmica do sistema
Eficiência Energética
Em minha experiência prática, observo diferenças significativas:
- CRAC HVAC: PUE típico entre 1,8 a 2,2
- CRAH HVAC: PUE possível entre 1,3 a 1,6
O sistema de resfriamento data center baseado em CRAH permite:
- Free cooling durante 60-70% do ano
- Uso de chillers de alta eficiência
- Otimização da temperatura de água gelada
Quando Escolher CRAC?
Aplicações Ideais para Unidades CRAC
Recomendo cooling system CRAC nas seguintes situações:
1. Data Centers de Pequeno Porte
- Área até 200m²
- Carga térmica até 500 kW
- Orçamento limitado para infraestrutura
2. Salas de TI Distribuídas
- Escritórios corporativos
- Ambientes sem infraestrutura de chiller
- Necessidade de instalação rápida
3. Projetos com Restrições de Espaço
- Ausência de casa de máquinas
- Limitações para instalação de chiller
- Retrofit em edifícios existentes
Vantagens Técnicas do CRAC
Durante minhas instalações, destaco:
- Instalação simplificada: não requer chiller externo
- Resposta rápida: controle direto da temperatura
- Menor investimento inicial: economia de 30-40% no CAPEX
- Autonomia operacional: cada unidade independente
Quando Optar por CRAH?
Cenários Ideais para Sistema CRAH
O ar condicionado para data centers tipo CRAH é minha recomendação para:
1. Data Centers de Grande Porte
- Área superior a 500m²
- Carga térmica acima de 1 MW
- Necessidade de máxima eficiência
2. Ambientes Críticos Tier III/IV
- Uptime de 99,98% ou superior
- Redundância N+1 ou 2N
- SLA rigoroso de temperatura
3. Projetos com Foco em Sustentabilidade
- Certificação LEED ou AQUA
- Metas de PUE abaixo de 1,5
- Compromissos de ESG corporativo
Benefícios Operacionais do CRAH
Na prática, observo:
- Eficiência superior: redução de 25-35% no consumo
- Free cooling: aproveitamento do clima externo
- Manutenção simplificada: sem manejo de refrigerante
- Flexibilidade de expansão: modularidade do sistema
Leia Também:
Ar condicionado para data centers: Trane lança sistema CRAH revolucionário
Diferença CRAC e CRAH: Manutenção e Confiabilidade

Protocolo de Manutenção CRAC
Minha rotina mensal inclui:
Inspeção Elétrica:
- Verificação de contactores e relés
- Medição de corrente dos compressores
- Teste de sensores de temperatura/umidade
- Análise de óleo do compressor
Sistema Frigorífico:
- Verificação de pressões (sucção/descarga)
- Inspeção de vazamentos com detector eletrônico
- Limpeza de serpentinas evaporadora/condensadora
- Calibração de válvulas de expansão
Manutenção Preventiva CRAH
Para sistemas CRAH, foco em:
Sistema Hidráulico:
- Análise da qualidade da água gelada
- Inspeção de válvulas modulantes
- Verificação de filtros e strainers
- Teste de bombas de drenagem
Componentes Pneumáticos:
- Limpeza/troca de filtros de ar
- Calibração de dampers modulantes
- Inspeção de ventiladores EC
- Verificação de sensores de pressão
Aspectos Econômicos: CAPEX vs OPEX
Análise de Investimento
Baseado em projetos reais que executei:
CRAC – Investimento Típico:
- Unidade 30 TR: R$ 65.000
- Instalação completa: R$ 85.000
- Infraestrutura adicional: R$ 15.000
- Total CAPEX: R$ 100.000
CRAH – Investimento Típico:
- Unidade 30 TR: R$ 45.000
- Chiller 100 TR: R$ 180.000
- Sistema hidráulico: R$ 95.000
- Total CAPEX: R$ 320.000 (para 3 unidades)
Retorno do Investimento (ROI)
Cenário Operacional Comparativo:
- Carga térmica: 100 TR
- Operação: 8.760h/ano
- Tarifa energia: R$ 0,65/kWh
Consumo Anual CRAC:
- Potência média: 85 kW
- Consumo: 744.600 kWh/ano
- Custo energético: R$ 483.990
Consumo Anual CRAH:
- Potência média: 55 kW
- Consumo: 481.800 kWh/ano
- Custo energético: R$ 313.170
Economia anual: R$ 170.820 Payback diferencial: 15,8 meses
Tendências Tecnológicas e Inovações

Evolução dos Sistemas CRAC
As inovações que tenho acompanhado:
- Compressores inverter: modulação de 10-100%
- Refrigerantes ecológicos: R-32 e R-513A
- IoT integrado: monitoramento preditivo
- Machine learning: otimização automática
Avanços em Tecnologia CRAH
Desenvolvimentos recentes incluem:
- Ventiladores EC magnéticos: eficiência 95%+
- Controle adaptativo: ajuste baseado em IA
- Integração BMS: protocolo BACnet/IP nativo
- Free cooling inteligente: otimização horária
Para técnicos que desejam se especializar nessas tecnologias avançadas, recomendo o Curso de Refrigeração Industrial, que aborda sistemas de grande porte e automação.
Normas e Regulamentações
Padrões Técnicos Aplicáveis
Durante projetos, sempre consulto:
ASHRAE Standards:
- ASHRAE 90.1: eficiência energética
- ASHRAE 62.1: qualidade do ar interno
- ASHRAE 55: conforto térmico ocupacional
Normas ABNT:
- NBR 16401: instalações de ar-condicionado
- NBR 15220: desempenho térmico
- NBR 5410: instalações elétricas
Certificações Internacionais:
- AHRI: certificação de desempenho
- Energy Star: eficiência energética
- ISO 50001: gestão energética
Compliance e Auditorias
Para data centers certificados, verifico:
- Uptime Institute: padrões Tier I-IV
- TIA-942: infraestrutura de telecomunicações
- ISO 27001: segurança da informação
Estudos de Caso Práticos
Caso 1: Retrofit Data Center Financeiro
Situação inicial:
- 15 unidades CRAC de 20 TR cada
- PUE médio: 2,1
- Custo energético: R$ 2,1 milhões/ano
Solução implementada:
- Substituição por 8 unidades CRAH + chiller
- Free cooling 40% do tempo
- Sistema de monitoramento preditivo
Resultados obtidos:
- PUE final: 1,6 (redução de 24%)
- Economia anual: R$ 630.000
- ROI: 18 meses
Caso 2: Novo Data Center Corporativo
Especificações do projeto:
- Área: 800m²
- Carga crítica: 2,5 MW
- Disponibilidade: 99,99% (Tier IV)
Escolha técnica:
- 12 unidades CRAH de 80 TR
- 4 chillers de 200 TR (N+1)
- Sistema de free cooling híbrido
Benefícios alcançados:
- controle de temperatura em data centers ±0,3°C
- Eficiência energética data center PUE 1,35
- Certificação LEED Gold
Erros Comuns na Escolha
Equívocos Frequentes com CRAC
Durante consultorias, identifico:
- Subdimensionamento da capacidade
- Não considerar carga futura
- Ignorar fatores de segurança
- Desconsiderar ganhos térmicos externos
- Negligência na redundância
- Configuração N+0 em ambientes críticos
- Ausência de bypass manual
- Falta de alarmes remotos
- Manutenção inadequada
- Intervalos excessivos entre inspeções
- Técnicos sem certificação específica
- Ausência de peças sobressalentes
Problemas Típicos com CRAH
Erros que observo regularmente:
- Dimensionamento incorreto do chiller
- Não considerar free cooling
- Subestimar cargas térmicas
- Ignorar fatores climáticos locais
- Sistema hidráulico deficiente
- Tubulação subdimensionada
- Isolamento térmico inadequado
- Válvulas de baixa qualidade
- Integração insuficiente
- Protocolos de comunicação incompatíveis
- Ausência de monitoramento centralizado
- Falta de automação inteligente
Mitos e Verdades
Mito 1: “CRAC é sempre mais barato”
Realidade: O custo total deve incluir OPEX por 10-15 anos. CRAH frequentemente apresenta menor TCO (Total Cost of Ownership).
Mito 2: “CRAH é muito complexo para pequenos data centers”
Realidade: Existem soluções modulares CRAH para cargas a partir de 100 kW, com chillers compactos e controle simplificado.
Mito 3: “Free cooling só funciona em clima frio”
Realidade: Com temperaturas de água gelada elevadas (14-16°C), o free cooling é viável em 50% do ano mesmo em São Paulo.
Checklist de Decisão: CRAC ou CRAH?

Análise de Requisitos
Escolha CRAC se:
- [ ] Carga térmica < 500 kW
- [ ] Orçamento CAPEX limitado
- [ ] Instalação em até 30 dias
- [ ] Sem infraestrutura de chiller existente
- [ ] Equipe de manutenção básica
- [ ] Ambiente não-crítico (Tier I/II)
Opte por CRAH se:
- [ ] Carga térmica > 1 MW
- [ ] Foco em eficiência energética
- [ ] Ambiente crítico (Tier III/IV)
- [ ] Metas de sustentabilidade
- [ ] Equipe técnica especializada
- [ ] Possibilidade de free cooling
Fatores Decisivos
Na minha experiência, priorize:
- Carga térmica total (atual e futura)
- Criticidade do ambiente (SLA de uptime)
- Recursos financeiros (CAPEX vs OPEX)
- Competência técnica (equipe de manutenção)
- Objetivos energéticos (metas de PUE)
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Qual a diferença CRAC e CRAH em termos de eficiência?
CRAH apresenta eficiência 30-40% superior devido ao uso de chillers centralizados e possibilidade de free cooling. Enquanto CRAC opera com COP 2,5-3,5, sistemas CRAH alcançam COP 4,0-6,0+.
2. CRAC vs CRAH: qual tem menor custo de manutenção?
CRAH possui custo de manutenção 25% menor pois não possui compressores próprios nem manejo de refrigerante. A manutenção foca em componentes hidráulicos e ventiladores.
3. Posso usar CRAH em data center pequeno?
Sim, existem soluções modulares para cargas a partir de 100 kW. O ponto de equilíbrio econômico geralmente ocorre em instalações com 3+ unidades.
4. Como funciona o controle de temperatura em data centers com CRAH?
O controle ocorre através de válvulas modulantes que regulam o fluxo de água gelada na serpentina. Sensores de temperatura comandam a abertura/fechamento dessas válvulas.
5. Qual sistema oferece melhor redundância?
CRAH oferece superior redundância pois um chiller central pode alimentar múltiplas unidades. Em CRAC, cada unidade é independente, limitando opções de backup.
6. É possível fazer retrofit de CRAC para CRAH?
Sim, mas requer infraestrutura hidráulica completa (chiller, bombas, tubulação). O investimento equivale a 60-70% de uma instalação nova.
7. Qual a vida útil esperada de cada sistema?
CRAC: 12-15 anos com manutenção adequada. CRAH: 15-20 anos devido à menor complexidade mecânica e ausência de compressores nas unidades internas.
8. Como escolher entre CRAC HVAC e CRAH HVAC para meu projeto?
Analise: carga térmica (>1MW = CRAH), criticidade (Tier III/IV = CRAH), orçamento (limitado = CRAC), eficiência (meta PUE <1,6 = CRAH), e equipe técnica disponível.
Conclusão
A diferença CRAC e CRAH vai muito além da simples comparação técnica. Após anos trabalhando com ambos os sistemas, posso afirmar que a escolha correta define o sucesso operacional e financeiro do seu data center.
Resumo das recomendações:
- CRAC: ideal para projetos até 500 kW, orçamento limitado e instalações não-críticas
- CRAH: recomendado para cargas superiores a 1 MW, ambientes Tier III/IV e metas agressivas de eficiência
- ROI: CRAH apresenta payback entre 12-24 meses em instalações médias/grandes
- Manutenção: CRAH reduz custos operacionais em 25-35% no longo prazo
O mercado de resfriamento de servidores evolui rapidamente. Tecnologias como liquid cooling e imersão estão emergindo, mas CRAC e CRAH continuarão dominantes nos próximos 10-15 anos.
Minha recomendação final: sempre considere o TCO (Total Cost of Ownership) por 15 anos, não apenas o investimento inicial. A precisão no resfriamento e eficiência energética data center são fatores decisivos para a competitividade do seu negócio.
Compartilhe sua experiência nos comentários: qual sistema você utiliza e quais os principais desafios enfrentados? Sua experiência pode ajudar outros profissionais da área.
Fontes e Referências:
- ASHRAE TC 9.9 – Data Center Cooling Guidelines
- ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração
- Uptime Institute – Data Center Standards
- Energy Star – Commercial Building Energy Consumption
1 comentário em “Diferença CRAC e CRAH: Qual Escolher para Seu Data Center?”