R32 vs R290: A Batalha dos Novos Gases Ecológicos
Você já parou para pensar que tipo de gás está rodando pelo seu ar-condicionado neste exato momento? Se você respondeu “nunca pensei nisso”, não se preocupe – até pouco tempo atrás, eu também não dava muita importância para esse detalhe. Mas depois de 15 anos trabalhando com refrigeração, posso garantir: a revolução dos gases refrigerantes chegou. O debate R32 vs R290 está no centro dessa mudança e promete transformar tudo que conhecemos sobre climatização.
Ontem mesmo, estava conversando com um colega técnico que me contou algo impressionante. Ele disse: “Cara, instalei um split R32 numa casa e o consumo de energia caiu 20% comparado ao antigo R410A. O cliente ficou maluco de feliz com a conta de luz!” É exatamente esse tipo de mudança que estamos presenciando no mercado brasileiro.
Por Que Todo Mundo Está Falando dos Gases R32 e R290?
A resposta é simples: sustentabilidade e eficiência andam de mãos dadas. Seguindo os requisitos do Protocolo de Montreal, que visa eliminar o uso de gases refrigerantes que destroem a camada de ozônio, a saída do R410a das linhas de produção tem como data limite o ano de 2025. Isso significa que fabricantes do mundo todo estão correndo contra o tempo para oferecer alternativas mais limpas.
Mas não é só questão de regulamentação. Pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, descobriram, após testar quatro fluidos refrigerantes diferentes, que o R-290 (propano) é o que oferece maior potencial para substituir o R-32. Ou seja, estamos falando de ciência de ponta aqui.
O Que Realmente Importa: Eficiência vs Sustentabilidade
Deixe-me ser direto com você: não existe bala de prata quando falamos de gases refrigerantes. Cada um tem seus prós e contras, e a escolha depende muito da aplicação. Vou explicar as principais diferenças baseado na minha experiência de campo.
R32: O Queridinho do Ar-Condicionado Residencial

Vantagens do R32 que Fazem a Diferença
O R32 se tornou o padrão ouro para ar-condicionado residencial, e tem motivos muito práticos para isso:
Eficiência energética superior: O R32 destaca-se por seu menor potencial de aquecimento global (GWP) em comparação ao R410A, tornando-se uma opção mais ecológica. Sua capacidade de eficiência energética superior também significa que os sistemas de ar-condicionado que o utilizam podem consumir menos energia.
Menos gás, mais performance: Uma das coisas que mais me impressiona no R32 é que você precisa de 30% menos gás para obter o mesmo resultado de refrigeração que o antigo R410A. Isso significa economia na compra, no transporte e na recarga.
Facilidade de manuseio: Como técnico, posso garantir que trabalhar com R32 é mais simples. É um gás puro (não mistura), então você não precisa se preocupar com proporções na hora da recarga.
Os Desafios do R32 na Prática
Nem tudo são flores, é claro. O R32 tem classificação A2L (ligeiramente inflamável), o que exige alguns cuidados extras:
- Ventilação adequada durante a instalação
- Ferramentas antifaísca em ambientes confinados
- Treinamento específico para técnicos (coisa que a ABRAVA tem promovido bastante)
Mas na prática? Mesmo estando no grupo dos gases ligeiramente inflamáveis (por isso atrasou sua entrada no mercado europeu), seu uso é regulamentado nas Normas de Segurança para Instalações de Refrigeração e é totalmente seguro, em conformidade com os regulamentos.
R290: A Estrela em Ascensão da Refrigeração Comercial
Agora vamos falar do verdadeiro game changer: o R290, também conhecido como propano. O R290 é a alternativa ecológica do futuro, com maior eficiência em aquecimento e ACS, embora com maiores requisitos de segurança.
Por Que o R290 Está Conquistando o Mercado
Impacto ambiental mínimo: Graças ao seu GWP de 3, é muito menos nocivo para o ambiente. Em termos de propriedades termodinâmicas, elevada eficiência e custo, o R290 tem melhores propriedades do que os refrigerantes anteriores.
Para você ter uma ideia da diferença: enquanto o R410A tem GWP de 2.088, o R290 tem GWP de apenas 3. É praticamente neutro em termos de aquecimento global!
Performance termodinâmica superior: Este fluido refrigerante é uma substância pura, sem deslizamento evaporativo e com um elevado desempenho termodinâmico, comparável apenas ao amoníaco (R717) ou difluoroetano (R152a).
Disponibilidade e custo: Além disso, está disponível a baixo custo em todo o mundo. Isso é uma vantagem enorme para o mercado brasileiro, onde dependemos muito de importação de gases.
Onde o R290 Brilha Mais
Se considerarmos o limite de 150 g de carga de gás, o propano – R290 é o escolhido e já encontra-se no mercado em uso regular.
As aplicações ideais incluem:
- Geladeiras e freezers comerciais
- Expositores frigoríficos tipo self-contained
- Sistemas de expansão indireta com fluidos secundários
- Bombas de calor para aquecimento de água
Comparativo Técnico: R32 vs R290
Característica | R32 | R290 | R410A (referência) |
---|---|---|---|
GWP (Potencial Aquecimento) | 675 | 3 | 2.088 |
Classificação Segurança | A2L | A3 | A1 |
Eficiência Energética | +10% vs R410A | +15% vs R410A | Baseline |
Carga Necessária | -30% vs R410A | -40% vs R410A | 100% |
Mitos e Verdades Sobre Segurança
Mito: “Gases inflamáveis são perigosos demais”
Verdade: Com as normas de segurança corretas e técnicos treinados, esses gases são tão seguros quanto os tradicionais. A diferença está nos procedimentos.
Mito: “É muito caro fazer a transição”
Verdade: O investimento inicial pode ser maior, mas o retorno vem através da eficiência energética e menor custo do gás.
Mito: “Não tem técnico capacitado no Brasil”
Verdade: A ABRAVA e outras entidades estão investindo pesado em capacitação técnica. O mercado está se adaptando rapidamente.
A Realidade do Mercado Brasileiro

Para empresas de processos do ramo alimentício, a tendência é a aplicação de soluções de glicol como fluido secundário, alimentados por sistemas de amônia e/ou CO2. Isso mostra que não existe solução única para todos os casos.
O R-32 é o fluido refrigerante do momento, apontado como a mais correta opção do mercado, porque contribui muito pouco para o Efeito Estufa. Porém, surge no horizonte a possibilidade de substitui-lo pelo mais novo queridinho dos pesquisadores da área, o R-290.
Como Escolher: R32 ou R290?
Baseado na minha experiência, aqui vai minha recomendação prática:
Escolha R32 se:
- Você trabalha com ar-condicionado residencial ou comercial leve
- Precisa de facilidade de manuseio
- O cliente prioriza custo-benefício a curto prazo
- A aplicação permite cargas maiores de gás
Escolha R290 se:
- Está lidando com refrigeração comercial
- Sustentabilidade é prioridade máxima
- Trabalha com equipamentos compactos (geladeiras, freezers)
- Tem experiência com sistemas de segurança mais rigorosos
O Futuro dos Gases Refrigerantes
A partir do 1 de janeiro de 2025, o uso do gas R410A e outros HFC de alto potencial de calentamiento atmosférico se restringirán aún más en la UE. Essa pressão regulatória européia inevitavelmente chegará ao Brasil.
Ambos R32 e R290 oferecem benefícios ambientais significativos comparados aos refrigerantes mais antigos, alinhando-se com os esforços globais para reduzir emissões de gases de efeito estufa.
Dicas Práticas Para Técnicos
- Invista em treinamento: Os novos gases exigem conhecimento específico
- Atualize suas ferramentas: Equipamentos antifaísca são essenciais
- Conheça as normas: A legislação está mudando rapidamente
- Teste em projetos pequenos: Ganhe experiência antes dos grandes contratos
Curiosidades Que Você Precisa Saber
Você sabia que o R290 é literalmente propano? O mesmo gás que você usa no fogão de camping pode ser o futuro da refrigeração. A diferença está na pureza e nos aditivos específicos para sistemas de refrigeração.
O R32 foi desenvolvido pela Daikin nos anos 2000, mas só chegou ao mercado brasileiro em massa recentemente. A demora? Questões regulamentárias e resistência do mercado.
Na Europa, carros já usam R290 em sistemas de ar-condicionado automotivo há mais de 5 anos. No Brasil, ainda estamos engatinhando nessa tecnologia.
Erros Comuns Que Você Deve Evitar
Erro #1: Misturar gases durante a recarga
Erro #2: Não verificar compatibilidade dos óleos lubrificantes
Erro #3: Ignorar procedimentos de segurança por “economia de tempo”
Erro #4: Não informar o cliente sobre as características do novo gás
Conclusão R32 vs R290: A Escolha é Sua, Mas o Futuro Já Chegou
Depois de tudo que conversamos aqui, uma coisa fica clara: a transição para gases mais limpos não é uma questão de “se”, mas de “quando”. Tanto o R32 quanto o R290 representam um salto gigantesco em termos de sustentabilidade e eficiência.
Na minha opinião, o R32 será o padrão para ar-condicionado residencial nos próximos 5 anos, enquanto o R290 dominará a refrigeração comercial. Não é à toa que grandes fabricantes como Midea, Carrier e Daikin já estão investindo pesado nessas tecnologias.
O mais importante é que você, técnico ou consumidor, se prepare para essa mudança. Estude, pratique, teste. A revolução verde dos gases refrigerantes não é só uma tendência – é o futuro da nossa profissão.
E aí, você já teve alguma experiência com R32 vs R290? Conta aqui nos comentários qual foi o resultado. Quero saber se sua experiência bate com o que discutimos aqui!
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Fonte externa confiável: ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento